Luís Ahrens Teixeira cumpre hoje quatro meses na presidência da federação de remo com o desafio de «desatar» os nós da gestão de Rascão Marques, «mudar mentalidades» e construir uma equipa para a «medalha» no Rio2016.

«Está a ser mais complicado do que o esperado. Os nós estavam muito bem dados. Está a ser difícil desatá-los. Penso sinceramente que os clubes e associações nem sequer perceberam o estado caótico e miserável a que o remo chegou, a todos os níveis», desabafou o dirigente.

Em declarações à agência Lusa, Luís Teixeira lamenta os «problemas administrativos» herdados da gestão do antigo dirigente – Rascão Marques tem a decorrer um processo-crime e «a semana passada a polícia judiciária foi à federação» em busca de novos dados –, a quem acusa de ter «roubado» o remo e não ter informatizado a gestão da modalidade.

«De 2009 a 2012 a federação recebia meio milhão de euros por ano, mas isso não foi suficiente para ter um único software a funcionar em termos administrativos. Como se gere uma federação destas sem ter informatizado qualquer serviço? Isso prejudicou o remo português. E o Estado, depois de disponibilizar anualmente 500.000 euros a quem andou a roubar o remo português, agora dá apenas metade para 2013», lamenta.

O dirigente queixa-se de que a federação ainda nada recebeu este ano, mas assume que apenas devido a falhas próprias, resultantes da herança passada, que inclui um «processo de insolvência que arrasta um conjunto de questões burocráticas, tais como as dividas à segurança social e tributária».

«São questões que não se resolvem em dois/três dias, quatro/cinco meses. Nem com meros pagamentos. Temos muitos processos em diferentes instituições e para voltar à normalidade com toda burocracia e morosidade de forma geral nos serviços em Portugal. A federação não recebe dinheiro há um ano e não tem quem trate dos assuntos, tem de ser durante vida profissional dos seus dirigentes. As coisas não são tão rápidas quanto desejamos», lastima.

Acrescenta que ele próprio e outros dirigente já tiveram de «arranjar dinheiro» para manter a modalidade em funcionamento.

Face às dificuldades, Luís Ahrens Teixeira agradece a ajuda da federação de canoagem na organização dos campeonatos nacionais, a qual elogiou: «Decorreram como nunca tinha visto».

Em termos desportivos, realça o facto de, «sem um tostão, o remo ganhar medalhas em todas as provas em que participou este ano».

«O futuro próximo é o Pedro Fraga nos mundiais da Coreia do Sul, depois finalizar um ou dois processos para receber as verbas do IPJD e montar todo o programa até 2016, desportivo e administrativo», prosseguiu.

Do olímpico Pedro Fraga espera «nova medalha» em skiff e, de futuro, acredita que pode ter uma «equipa mais vasta» nos mundiais, esperando em 2014 levar um mínimo de seis atletas.

«Não é a equipa técnica a definir, mas o cronómetro. Se forem rápidos, nem têm de se preocupar com mais nada. No próximo ano tem de haver resultados do trabalho deste ano», vinca.

O dirigente assume ainda que tão importante quanto os resultados é ser bem sucedido na «sensibilização para promover mudanças na mentalidade das pessoas», considerando vital esse êxito para o futuro da modalidade.