A Associação de Jogadores Profissionais de Ténis anunciou, esta terça-feira, que irá apresentar ações legais contra o organismos que gerem o ténis atual (ATP, WTA, ITF e ITIA) para expor o "sistema corrupto, ilegal e abusivo" que envolve o desporto.

A PTPA veio mexer e de que maneira com o ténis mundial, sindicato que foi criado em 2019 por Novak Djokovic e Vasek Pospisil, e que se encarrega de representar os jogadores que pertencem ao top-500 mundial nos principais torneios.

Em comunicado, o PTPA comenta que as ações judiciais que foram movidas nos Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia "revelam que os organismos corruptos do ténis abusam, silenciam e exploram sistematicamente os jogadores para ganho pessoal através do controlo monopolista”, assegurando que estas ações judiciais "têm o apoio esmagador dos mais de 250 jogadores de topo, masculinos e femininos, incluindo a maioria dos 20 melhores jogadores” com quem se reuniram para discutir todas as questões, e que deram uma resposta “extremamente positiva”.

“Os jogadores procuram um sistema justo e transparente que priorize os seus direitos, saúde e segurança em detrimento da autoridade dos órgãos dirigentes do desporto, garantindo que recebem as mesmas proteções e oportunidades que os atletas profissionais em outros desportos globais”, acrescenta o texto da organização. "A mudança é necessária agora e os intervenientes estão unidos na sua luta pela reforma", frisa-se.

“O ténis está destroçado”, garante Ahmad Nassar, diretor executivo da PTPA. "Os jogadores estão presos a um sistema injusto que explora o seu talento, reduz os seus rendimentos e põe em perigo a sua saúde e segurança. Esgotámos todas as opções de reforma através do diálogo e os órgãos governamentais não nos deixaram outra escolha senão responsabilizá-los em tribunal", continuou.

A organização, que manteve anónimos os doze jogadores que aderiram à denúncia (o jornalista Michael McCann comentou que Nick Kyrgios e Arina Rodionova são dois deles), informou que as ações judiciais foram movidas pelo escritório de advocacia Weil, Gotshal & Manges LLP, e sustentou que "os processos expõem abusos sistemáticos, práticas anticompetitivas e um flagrante desrespeito pelo bem-estar dos jogadores que persiste há décadas". A declaração acrescenta que "a ATP, WTA, ITF e ITIA operam como uma espécie de cartel, implementando uma série de restrições anticompetitivas e práticas abusivas draconianas e interligadas".

O PTPA fala em sete práticas abusivas: conluio para reduzir a concorrência, fixação de prémios monetários e supressão de ganhos dos jogadores, obrigações de pontos no ranking, forçar um calendário insustentável, desprezo pelos jogadores, exploração financeira dos tenistas e violação dos direitos de privacidade.

Dá-se o exemplo do US Open na forma como limita os prémios monetários atribuídos em vez de permitir que o mercado livre possa atuar. Refere-se que o US Open ganhou cerca de 12,8 milhões de dólares com a venda de um cocktail especial durante um torneio, um valor superior ao pago aos campeões do torneio. Refere-se ainda que os jogadores recebem apenas 17% da receita de bilheteira, um valor muito abaixo dos 35% e 50% pagos no golfe, basquetebol ou futebol americano. Os jogadores são ainda obrigados a ceder os seus direitos de nome e imagem sem compensação, permitindo que os organismos lucrem com a sua identidade, ao mesmo tempo que os impede de conseguir certos patrocinadores independentes.

Um dos temas também abordados é a questão do calendário, que se "estende durante 11 meses por ano" que não permite que os jogadores descansem e se recuperem. "É insustentável" e obriga a os jogadores tenham que viajar com o seu próprio dinheiro e que consigam também gerir a sua própria logística. Descansar ou passar tempo com a família impede que os jogadores percam oportunidades de ganhar a vida e obtenham pontos para o ranking".