O piloto português João Ferreira (Mini) ambiciona terminar a 47.ª edição do Rali Dakar de todo-o-terreno entre os 10 primeiros classificados da categoria de automóveis, na qual se vai estrear este ano.

Campeão nacional e europeu de todo-o-terreno, venceu também a Taça do Mundo FIA (Federação Internacional do Automóvel) de Bajas e, em 2025, vai participar pela terceira vez no Rali Dakar, a primeira na categoria principal dos automóveis, a Ultimate, depois de dois anos com veículos ligeiros.

“O objetivo é acabarmos etapas todos os dias. Cumprirmos com a estratégia, que é chegar ao fim com o mínimo de erros possível e depois ver o lugar em que ficámos. Mas gostaria de um top-10”, sublinhou o piloto natural de Leiria, de 25 anos, em declarações à agência Lusa.

Nos dois primeiros anos em que participou na mais mediática prova de todo-o-terreno do mundo, João Ferreira alinhou aos comandos de um veículo ligeiro (SSV).

“Depois de dois Dakar em SSV, que é uma categoria mais acessível, o que facilitou aprendizagem, achámos que seria altura de dar mais um passo. Surgiu a possibilidade de ser piloto oficial da equipa X-Raid, uma proposta que recebemos de braços abertos”, explicou o piloto, que assinou um contrato com a estrutura da X-Raid válido até, pelo menos, 2026.

Ao lado de João Ferreira segue o navegador Filipe Palmeiro, que já conta 18 participações no seu currículo, desde que se estreou como navegador, em 2005. O seu melhor resultado foi um oitavo lugar em 2019, com o chileno Boris Garafulic.

Mas a experiência ajuda à ambição de João Ferreira, que diz estar “na melhor forma de sempre”.

“A preparação começou mal acabou o rali de 2024. Estou extremamente bem fisicamente, melhor do que nunca. E a equipa já ganhou. O diretor, Sven Qandt, também já ganhou o Dakar, Filipe Palmeiro tem quase 20 participações e o nosso chefe de equipa [Filipe Ferrão] já ganhou três, com o Stephane Peterhansel [duas vezes] e com o Nasser Al-Attiyah [uma]”, precisou João Ferreira.

Apesar da mudança de veículo para um com maior desempenho, o piloto leiriense acredita que a participação deste ano será “mais difícil”.

“Teremos mais conforto nas ligações. Passamos muitíssimo frio e chuva e um carro fechado será mais confortável. Mas em pista é mais difícil de conduzir, é mais físico e mais difícil nas dunas. Já nas pedras aguenta mais do que o SSV”, explicitou João Ferreira.

Apesar do potencial apontado ao piloto leiriense, Ferreira admite que “vencer a categoria ainda é um sonho”.

Certo é que, no palmarés, João Ferreira conta já com a vitória em quatro etapas na geral e cinco entre os pilotos que pontuavam para o Campeonato do Mundo.

“No ano passado, estivemos a sete minutos da liderança da prova [na categoria SSV], mas tivemos um problema elétrico que nos fez perder toda a esperança. Por isso, o pensamento este ano é mais conservador”, confessa à Lusa.

Apesar de em 2024 ter feito “mais de 20 corridas” ao longo do ano, nos diversos campeonatos, João Ferreira admite que “ainda é difícil viver das corridas a tempo inteiro”.

“Só a correr em Portugal é difícil ter apoio para fazer disso vida a tempo inteiro. O meu objetivo é conseguir fazer carreira internacional no Campeonato do Mundo”, sublinha, consciente de que uma boa participação no Dakar é meio caminho andado para que isso aconteça.