A Agência Mundial Antidopagem (AMA) advertiu hoje para a impossibilidade de garantir o controlo dos Jogos da Amizade, organizados pela Rússia em alternativa aos Jogos Olímpicos Paris2024, e reprovou os Jogos Melhorados, competição multidesportiva que permite substâncias dopantes.

Na sua primeira reunião do ano, em Lausana, o comité executivo da AMA assumiu a sua preocupação com a ausência de controlos nestas competições, previstas para este ano, mas que não estão reconhecidas pelos organismos desportivos internacionais.

Relativamente aos Jogos da Amizade, a realizar de 15 a 29 de setembro, a AMA considerou “preocupante que, por não se desenrolarem sob proteção do código mundial antidopagem, a saúde dos atletas e a justiça com eles possam ficar comprometidas”.

“A AMA não pode garantir que o programa antidopagem se aplique ou não”, refere esta entidade, reforçando a preocupação com “o facto de a agência nacional antidopagem russa (RUSADA) estar atualmente em violação com o código, sem que exista, atualmente, nenhum laboratório acreditado pela AMA na Rússia e a confiança no sistema antidopagem russo continua a ser baixa”.

Os Jogos da Amizade, que vão ser disputados em Moscovo e Ecaterimburgo, com um programa de 33 desportos, são a resposta da Rússia às limitações impostas ao país na sequência da invasão da Ucrânia, cujos desportistas só poderão competir em Paris2024 se não pertencerem ao exército e participarem como atletas neutros, sem símbolos nacionais e apenas em provas individuais.

Já os Enhanced Games (Jogos Melhorados) são promovidos pelo empresário australiano Aron D´Souza, que pretende organizá-los em 2025, para qualquer desportista, com prémios monetários e sem controlos antidoping.

“A saúde e o bem-estar dos atletas é a prioridade da AMA. É evidente que esta competição coloca em perigo ambas, ao promover o uso de substâncias e métodos potencialmente nocivos”, referiu o Comité Executivo da AMA, alertando que “os desportistas que desejem participar arriscam-se a infringir as normas antidopagem”.

A AMA anunciou ainda ter colocado sob vigilância cinco agências antidopagem nacionais, casos de Peru, Vietname, Bahamas, Camarões e Sri Lanka, e da federação mundial de râguebi em cadeira de rodas.