José Manuel Araújo apresentou hoje a candidatura à presidência do Comité Olímpico de Portugal (COP), ambicionando fazer mais e melhor, enquanto preserva a independência da instituição de influências externas.

Assumindo estar “muito motivado para este momento”, o atual secretário-geral do COP recordou a sua caminhada como “dirigente desportivo voluntário”, antes de elencar os motivos que o fizeram avançar para a corrida à presidência do organismo.

“Os bons resultados desportivos e a experiência da administração, que colocam esta reputação do comité em níveis muito elevados, não podem criar a sensação de que está tudo feito. É preciso ter ambição para subir patamares, elevar fasquias, encarar novos desafios”, defendeu.

Araújo explicou que decidiu candidatar-se “por muitas razões”, a primeira das quais a sua experiência “na gestão do Comité nestes últimos anos”.

“Sei muito bem o que custou chegar aqui. Também sei que é muito fácil — e rápido – perder o que se conquistou. Porque sei que comigo a autonomia e independência do Comité são princípios que defendem esta instituição de influências externas, sejam de que origem forem”, vincou.

Preferindo “falar mais do futuro do que do passado”, apesar de se orgulhar dele, o lisboeta de 60 anos insistiu querer “fazer mais, muito mais no ciclo que vai começar agora e que vai terminar em Los Angeles2028”, depois de Portugal ter alcançado em Paris2024 a sua a melhor prestação de sempre, “com um histórico de resultados absolutamente incomparável”.

“Esta candidatura será sempre de proximidade. É intransigente nos princípios e aberta ao diálogo. Estará focada no apoio aos atletas, aos treinadores, às federações, reforçando as condições financeiras para todos”, comprometeu-se.

Com mais recursos financeiros, acredita que haverá maior investimento e execução do Programa Esperanças Olímpicas, que pode ser reforçado nomeadamente com um programa de Deteção e Desenvolvimento de Talentos à escala nacional, antecipando ainda um reforço do modelo de ligação e parceria com as federações, que incluirá a promoção de cimeiras de presidentes.

“O COP tem de assumir um papel ativo no desenho do modelo de desporto em Portugal. A ação da nossa equipa, independente e imparcial, tem de resultar em alterações legislativas e consequentes medidas que concretizem a visão de um desporto reconhecido social e politicamente. E falo de dois exemplos muito claros: a alteração do estatuto do mecenato desportivo e do estatuto do dirigente voluntário associativo”, acrescentou.

Araújo quer aproveitar a reputação que o COP tem para fazer “uma política mais assertiva” na área da marca, de modo a garantir mais “recursos a distribuir pelos atletas, pelos treinadores e pelas federações”, mas também reforçar a comunicação do organismo, de modo a elevar “ainda mais o desporto nacional na agenda política e mediática em Portugal”.

“Em termos internacionais, move-me a ambição muito específica: voltarmos a ter um membro do Comité Olímpico Internacional de nacionalidade portuguesa. É fundamental que aconteça”, notou.

Secretário-geral do COP desde março de 2013, nos três mandatos da presidência de José Manuel Constantino, José Manuel Araújo foi diretor de informação e cultura da Assembleia da República.

No dirigismo desportivo nacional, presidiu à Mesa da Assembleia Geral (MAG) da Federação de Ginástica de Portugal (FGP), entre 2004 e 2012, tendo ainda integrado o Conselho Nacional do Desporto (2011 a 2013) e o Conselho de Arbitragem Desportiva do Tribunal Arbitral do Desporto (2015 a 2023).

Internacionalmente, foi o primeiro português eleito para a Comissão Executiva dos Comités Olímpicos Europeus (COE), para o mandato entre 2021 e 2025, presidindo ainda à Comissão União Europeia e Relações Internacionais dos COE (desde 2021) e à Comissão Festival Olímpico da Juventude Europeia (2017 a 2021).

“Estou certo que nos próximos meses muito se vai falar de eleições, mas uma coisa é certa: eu sou o primeiro candidato a fazer a apresentação pública da candidatura, tal como estive, desde a primeira hora, no trabalho que entregámos ao país ao longo dos últimos três ciclos olímpicos”, recordou.

Disponibilizando-se para debates com os restantes candidatos já anunciados — Laurentino Dias, Jorge Vieira e Alexandre Mestre -, Araújo notou que “continuar um legado de uma década só fazia sentido se tivesse vontade e sentisse os apoios”.

“O meu compromisso é com o desporto e a minha vontade é enorme”, concluiu, diante de uma plateia onde estavam vários responsáveis federativos e o antigo presidente do COP, Vicente Moura.

Entre os presentes contavam-se representantes das federações de andebol, voleibol, ginástica, desportos de inverno, tiro, tiro com armas de caça, campismo e montanhismo, padel, escalada, filatelia e ainda da Confederação de Treinadores.

As eleições do organismo olímpico, liderado por Artur Lopes desde a morte de José Manuel Constantino, em agosto último, realizam-se em março de 2025.