O Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto começou hoje a visionar as imagens de videovigilância do pavilhão Dragão Arena, no âmbito da Operação Pretoriano, que tem entre os arguidos Fernando Madureira, ex-líder da claque Super Dragões.

Depois de se ter remetido ao silêncio em 28 de outubro, no início da fase de instrução, que é requerida por alguns arguidos e visa decidir por um juiz de instrução criminal se o processo segue e em que moldes para julgamento, o antigo dirigente de um dos grupos organizados de adeptos afetos ao FC Porto regressou ao TIC por volta das 09:00, sob fortes medidas de segurança, para uma nova sessão de diligências à porta fechada.

Além de Fernando Madureira, estiveram presentes Sandra Madureira, sua mulher e antiga vice-presidente dos Super Dragões, que também não tinha prestado declarações na semana passada, e Fernando Saul, ex-funcionário do clube ‘azul e branco’, com ambos a entrarem pela porta principal do TIC, mas sem falarem aos jornalistas.

“Estivemos apenas a ver imagens. Declarações? Não houve”, resumiu aos jornalistas Cristiana Carvalho, advogada de Saul, no final de uma sessão com quase duas horas de duração, que foi interrompida cerca das 12:00 para almoço e retomará a partir das 14:00.

A juíza de instrução criminal aceitou que fossem visionadas as imagens das câmaras de videovigilância do Dragão Arena, onde houve vários incidentes e agressões durante uma Assembleia Geral (AG) extraordinária do FC Porto, em 13 de novembro de 2023, mas indeferiu o requerimento dos arguidos para a audição de testemunhas no debate instrutório.

Entre as testemunhas arroladas pela defesa de Fernando e Sandra Madureira constavam o ex-presidente ‘azul e branco’, Pinto da Costa, e outros antigos dirigentes do clube e da SAD dos ‘dragões’, cujas audições foram consideradas irrelevantes pela magistrada nesta fase do processo.

A decisão instrutória tem de ser conhecida até 07 de dezembro, quando se completarem 10 meses desde a aplicação do regime de prisão preventiva ao ex-líder dos Super Dragões.

Depois dos interrogatórios ao casal Madureira, que estavam originalmente agendados para 18 de outubro, mas foram adiados por duas semanas seguidas, devido à greve dos oficiais de justiça, seguem-se as audições dos arguidos Carlos Nunes, José Pedro Pereira e Fernando Saul.

Em causa está a designada Operação Pretoriano, cuja acusação do Ministério Público (MP) denuncia uma eventual tentativa de os Super Dragões “criarem um clima de intimidação e medo” numa AG do FC Porto para que fosse aprovada uma revisão estatutária “do interesse da direção” do clube, então liderado por Pinto da Costa.

Fernando Madureira é o único arguido em prisão preventiva, enquanto os restantes oito foram sendo libertados em diferentes fases, incluindo Sandra Madureira, Fernando Saul, Vítor Catão ou Hugo Carneiro, igualmente com ligações à claque.

Em causa estão 19 crimes de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, outro de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação.

Hugo Carneiro também está acusado de detenção de arma proibida, sendo que o MP requer penas acessórias de interdição de acesso a recintos desportivos entre um e cinco anos.

O FC Porto e a SAD gestora do futebol profissional ‘azul e branco’ constituíram-se assistentes da Operação Pretoriano, que foi desencadeada em 31 de janeiro, no âmbito da investigação aos desacatos observados na AG extraordinária do clube, tendo resultado na detenção de 12 pessoas.