No final da noite desta quarta-feira, altura em que escrevo, há uma certeza: o hino da Champions vai ser escutado pelo menos mais uma vez esta temporada no Estádio do Dragão. Oito golos depois, os dragões confirmaram a presença nos oitavos-de-final e estão oficialmente entre as 16 melhores esquipas desta edição da prova milionária.

E por falar em milhões, com o triunfo frente ao Shakhtar o FC Porto estabelece um novo recorde de receitas na competição: 62,6 milhões de euros, mais 200 mil euros do que na época passada, altura em que caiu aos pés do Inter de Milão, precisamente na mesma fase que acaba de atingir.

Uma noite de gala de Galeno, com dois golos apontados, empurrou os dragões para um resultado importantíssimo desportiva e financeiramente. Taremi, Pepe e Francisco Conceição fizeram os restantes golos, numa partida endiabrada e imprópria para os corações dos adeptos mais fervorosos. Apesar de nunca ter estado em vantagem, o Shakhtar nunca desistiu do jogo e foram mesmo os últimos a marcar, fazendo o 5-3 final.

Um resultado que acaba por espelhar o favoritismo dos azuis e brancos, que souberam torná-lo real e não apenas hipotético. Na noite em que ficou confirmada a 18.ª presença nesta fase da prova, os jogadores do FC Porto mostraram, da melhor forma, de que "só o contrato não basta", como lembrou há dias Sérgio Conceição.

O momento

Foi o golo menos bonito da noite, mas foi o primeiro. E este dado não é, de todo, de somenos importância. Os dragões nem sempre têm sido felizes em casa esta época - empate com o Arouca e derrota com o Estoril, para além da vitória sofrida com o Farense - e marcar cedo num jogo tão decisivo ofereceu a tranquilidade necessária para encarar o jogo com uma dose de confiança adicional. É também verdade que o Shakhtar acabou por empatar, mas fica a ideia de que o golo cedo permitiu ao FC Porto explanar sem fantasmas a sua superioridade, mostrando saber que podia, a qualquer momento, ferir o adversário.

Com maior ou menor virtuosismo, acabou por fazê-lo. E esta entrada fulgurante recompensada com o golo de Galeno contribuiu e muito para a manutenção, e até potenciação, desse estado de espírito. No relvado e nas bancadas. Nunca saberemos, mas terminado o jogo fica a ideia de que sofrer primeiro podia vir a complicar muito a missão azul e branca.

O melhor

Galeno. Que grande exibição do extremo portista. Pelos dois golos, mas sobretudo pela frescura física que demonstrou até à última gota, é uma distinção merecida para o mais agitador. Fez o quarto golo na fase de grupos e voltou a bisar esta época. A última tinha sido precisamente frente aos ucranianos, na jornada inaugural da fase de grupos. Para além de marcar, esteve também ligado aos golos de Pepe e Taremi. A propósito, destaque também para o avançado iraniano. Pelo golo, mas sobretudo pelo enorme trabalho em prol do coletivo.

O pior

O primeiro golo do Shakhtar mereceu contestação veemente por parte do banco portista, mas sem razão. É um facto que o fiscal de linha levanta a bandeirola para assinalar fora-de-jogo, mas não é menos verdade que a jogada só para quando o árbitro apita. E não apitou. A linha defensiva do FC Porto desistiu da jogada confiando no fora-de-jogo e do outro lado a equipa ucraniana nunca deixou de acreditar.

Conclusão: a bola entrou e o VAR validou o golo após verificar que não existiam quaisquer irregularidades no lance. É verdade que o fiscal de linha podia, e devia, ter esperado pelo fim do lance para levantar a bandeirola. Talvez por isso tenha já no final do jogo, segundo revelou Sérgio Conceição, pedido desculpa pela falha. Mas é obrigação de qualquer jogador só desistir do lance após o apito do árbitro principal.

A este nível, e tendo em conta a vasta experiência dos azuis e brancos em palcos internacionais, fica o registo de uma falha grave que, felizmente para o FC Porto e para Portugal, acabou por não ter qualquer impacto no resultado final.

O FC Porto venceu e segue assim para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões. Na próxima segunda-feira há clássico em Alvalade, dia do sorteio dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões. Os dragões são os únicos representantes portugueses na competição.