A defesa de Aníbal Pinto pediu hoje ao tribunal uma perícia ao seu computador por suspeitas de um ataque informático em 2015, defendendo que um email da Doyen teria permitido à Polícia Judiciária (PJ) a identificação de Rui Pinto.
O terceiro dia das alegações finais do julgamento do processo Football Leaks, no Juízo Central Criminal de Lisboa, abriu com o requerimento lido pelo advogado João Azevedo, que revelou que Aníbal Pinto pediu na quinta-feira uma verificação ao seu computador, tendo recebido já hoje um relatório preliminar que confirmou que o email recebido de Pedro Henriques, advogado do CEO da Doyen, Nélio Lucas, representou um ataque pelo método de phishing.
“O relatório apurou que o anexo do email enviado pelo Dr. Pedro Henriques ‘tem características que lhe atribui um comportamento duvidoso para um URL, (…) foi considerado como malicioso”, frisou o advogado, que citou excertos do relatório, continuando: “Além de informações técnicas, inclui ainda que ‘este tipo de ameaça está relacionado em ações de phishing ou na execução de comandos para aceder aos computadores infetados e roubo de dados’”.
A defesa de Aníbal Pinto visou não só Nélio Lucas e Pedro Henriques, mas envolveu também os inspetores da PJ José Amador e Rogério Bravo, invocando que foi através deste alegado ataque que se conseguiu chegar à identificação de Rui Pinto como o elemento na origem da invasão ao sistema informático da Doyen. Por isso, defendeu a existência de prova proibida, “sendo assim nulo todo o processado após a identificação por este método”.
“A junção de tais documentos afigura-se absolutamente essencial e necessária para a defesa do arguido, pretendendo demonstrar de forma inequívoca que Nélio Lucas nunca esteve constrangido, não se verificando assim o pressuposto objetivo do crime de extorsão, o que implica a obrigatória absolvição do Dr. Aníbal Pinto e do Rui Pinto, quanto ao crime de extorsão na forma tentada”, salientou.
Foi ainda pedida a reinquirição de Nélio Lucas, Pedro Henriques, José Amador e Rogério Bravo para esclarecerem esta situação.
Rui Pinto, de 34 anos, responde por um total de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada. Este último crime diz respeito à Doyen e foi o que levou também à pronúncia do advogado Aníbal Pinto.
O criador do Football Leaks encontra-se em liberdade desde 07 de agosto de 2020, “devido à sua colaboração” com a Polícia Judiciária (PJ) e ao seu “sentido crítico”, mas está, por questões de segurança, inserido no programa de proteção de testemunhas em local não revelado e sob proteção policial.
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