Joaquim Evangelista, presidente dos Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), considera que há "poucos agentes pacificadores" no futebol, lamentando que estes tenham chegado "a uma fronteira inaceitável" em que "vale tudo".
Questionado se a detenção de Paulo Gonçalves, assessor jurídico do Benfica, poderá ter algum dano no futebol português, Joaquim Evangelista optou por fazer uma reflexão sobre o clima de "crispação" que tem pautado a modalidade.
"Esta época foi manifestamente de clivagem, de confronto, independentemente de quem é quem no futebol português e de quem faz o quê. As entidades competentes, desportivas e judiciais, devem atuar e levar os casos até às últimas consequências. Agora não podemos é trazer as questões pessoais para dentro do desporto", começou por dizer o presidente do Sindicato dos Jogadores, à margem de uma conferência sobre 'match-fixing', promovida pela Universidade Europeia, em Lisboa.
"Aquilo que eu critico é os agentes terem chegado a uma fronteira inaceitável do ponto de vista pessoal. Vale tudo para além do desporto. Vai-se às questões de natureza pessoal. Isso está a criar uma crispação e uma clivagem no futebol português que não é desejável. Há poucos agentes pacificadores", defendeu.
"Mesmo do ponto de vista dos programas desportivos, não temos capacidade para mobilizar e unir, independentemente da regulação, de os culpados serem punidos. Não podemos estar só a olhar para o copo menos cheio. Temos de olhar para aquilo que o futebol é capaz, de renovar regras, princípios e valores. São dois processos que têm de ser feitos em paralelo e eu acho que isso não tem sido feito no futebol português", acrescentou.
E será que este ambiente de crispação chega ao futebolista? "Em determinadas situações chega, obviamente. Ninguém é indiferente à sua própria atividade. Nem que seja do ponto de vista psicológico, da insegurança. Admito que os jogadores sintam isso", referiu.
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