A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia lamentou hoje que “mais uma vez” a “euforia e festa” dos adeptos do futebol se tenham transformado em confrontos com a polícia, considerando que “ficou claro” o risco da profissão.
“Ficou mais uma vez evidente que alguns comportamentos sociais transformam a euforia e as festas em confronto com a polícia”, disse à agência Lusa o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), Paulo Santos, sobre o comportamento de alguns adeptos do Sporting nas celebrações do título de campeão nacional, em Lisboa.
Paulo Santos, que não quis comentar a componente operacional alegando que não é da competência dos sindicatos, optou por lamentar o comportamento dos adeptos e destacar o risco da profissão.
“Houve comportamentos sociais estranhos. Houve alguma falha e um comportamento que não teve à altura por parte dos cidadãos e ficou claro e evidente do risco que estamos a discutir neste momento com o Ministério, que o risco é alto e temos de ser compensados”, precisou o presidente da ASPP.
Paulo Santos referia-se às negociações que estão neste momento a decorrer entre os sindicatos e o Ministério da Administração Interna sobre a atribuição de um subsídio de risco aos elementos das forças d segurança.
O presidente do maior sindicato da Polícia de Segurança Pública manifestou-se preocupado com o facto de a “euforia e a festa serem o moto para poder agredir e projetar objetos para os polícias”, que estão apenas a exercer a sua missão em prol da segurança.
Paulo Santos sublinhou também que, durante a noite de terça-feira e madrugada de hoje, “ficou claro que os policias têm uma profissão de risco”.
O mesmo responsável disse ainda que o comportamento dos adeptos colocou em risco "a segurança dos próprios elementos policiais, mas também a saúde pública dos demais cidadãos".
Paulo Santos recordou que estão vacinados 11.500 polícias, correspondendo a 60% do efetivo.
Num comunicado hoje emitido, a direção nacional da PSP refere que os festejos dos adeptos do Sporting em alguns locais de Lisboa resultaram em alterações “relevantes da ordem pública” e foi necessário reforçar o dispositivo policial para “restabelecer a ordem e tranquilidades públicas” e “conter as desordens”, que consistiram “no arremesso, na direção dos polícias, de diversos objetos perigosos, incluindo garrafas de vidro, pedras e artefactos pirotécnicos, que também atingiram outros cidadãos”.
A PSP refere que foi obrigada a usar a força pública, incluindo o disparo de balas de borracha, para fazer face aos comportamentos "desordeiros e hostis por parte de alguns adeptos”.
A polícia indica que deteve três pessoas, identificou outras 30 e apreendeu 63 engenhos pirotécnicos durante os festejos, tendo ainda ficado feridos quatro policias e diversas pessoas, que foram assistidas no local.
O Sporting sagrou-se na terça-feira campeão português de futebol pela 19.ª vez, 19 anos após a última conquista, ao vencer na receção ao Boavista, por 1-0, com um golo de Paulinho, aos 36 minutos, em jogo da 32.ª jornada da I Liga.
Durante os festejos, milhares de pessoas concentram-se junto ao estádio, quebrando todas as regras do estado de calamidade em que o país se encontra devido à pandemia de covid-19, em que não são permitidas mais de dez pessoas na via pública, nem o consumo de bebidas alcoólicas na rua.
A maioria dos adeptos não cumpriu também com as regras de saúde publica ao não respeitar o distanciamento social, nem o uso obrigatório de máscara.
A Lusa contactou com a Direção-Geral da Saúde, que remeteu esclarecimentos sobre o incumprimento das regras para o Ministério da Administração Interna, que, por sua vez, ainda não se pronunciou.
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