Dois golos nos minutos finais das duas partes frente ao Estoril colocaram o Benfica na sua 38.ª final da Taça de Portugal, onde vai medir forças com o SC Braga, numa final inédita. Frente ao líder da Segunda Liga, a equipa encarnada dominou do início ao fim e raramente deu hipóteses aos canarinhos de criarem perigo. Mesmo com várias alterações, sentiu-se um 'cheirinho' da nota artística prometida por Jesus.
O Jogo: só deu Benfica
Jesus já tinha alertado que o Benfica estava em crescimento. Com o surto de COVID-19 no plantel, que impediu a equipa de treinar com todos os elementos, a formação encarnada deu mostras de melhorias no último jogo da I Liga frente ao Rio Ave, apesar de ter feito um primeiro tempo menos conseguida.
Frente ao Estoril, depois dos 3-1 da 1.ª mão, o Benfica sabia que a 'almofada' na eliminatória dava para gerir, até porque o adversário teria de fazer o mesmo. Na próxima ronda os estorilistas têm um duelo importante com o Feirense, para tentar manter a liderança da Segunda Liga, num ano em que apostam forte na subida à elite do futebol nacional.
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Mesmo sabendo das limitações, Bruno Pinheiro não fugiu ao ADN da equipa: saída curta, sempre com o guarda-redes, circulação pelos centrais abertos, os médios a baixarem para receber, os laterais projetados nas alas a dar linha de passe e os avançados sempre prontos a receber a bola. E isso é de enaltecer. É verdade que o Estoril criou menos perigo ao Benfica em relação ao jogo da 1.ª mão, mas a equipa não se desfigurou para enfrentar um gigante como o Benfica.
Jorge Jesus planeou bem este jogo, na perspetiva da vantagem da 1.ª mão: os encarnados fizeram uma pressão sufocante, principalmente nos primeiros 30 minutos, para não deixar o Estoril sair a jogar, como tanto gosta. Jesus admitiu na zona de entrevistas rápidas que teve de mudar, passando de 4-4-2 para 4-3-3, com Chiquinho mais no meio e Pedrinho a atuar no meio, ele que iniciou o jogo nas costas de Gonçalo Ramos, para assim controlar melhor a saída do Estoril e não deixar os centrais do Benfica tão expostos, caso o Estoril conseguisse bater a pressão encarnada.
Foi dessa pressão que nasceu o 1-0, num erro de Hugo Gomes bem aproveitado por Gonçalo Ramos, aos 43 minutos.
No segundo tempo, Bruno Pinheiro lançou elementos que tem sido titulares como André Vidigal, Miguel Crespo, Aziz, a equipa cresceu mas, nessa altura, já estava vergada aos números da eliminatória. O 4-1 dava segurança ao Benfica.
Os jogadores encarnados soltaram-se em campo, passaram a dar espetáculo, com várias jogadas de belo efeito, trocas de bola e muitos lances de perigo. Não fosse a inspiração do guarda-redes Thiago Silva e o resultado poderia ser outro.
Já a acabar o Benfica marcou do 2-0 por Waldschmidt, em mais uma jogada onde o Estoril foi vítima da sua ambição: perda de bola no meio-campo, equipa desequilibrada na defesa e o Taarabt a lançar o alemão para o 2-0. O Estoril caiu de pé, a jogar na Luz como sempre tem jogado ao longo da época: a discutir o resultado em qualquer campo.
No Jamor, os encarnados jogarão com o SC Braga, numa final inédita. Jesus vai à procura da sua segunda Taça de Portugal, depois das derrotas pelo Belenenses (frente ao Sporting), Benfica (frente ao Vitória de Guimarães) e Sporting (perante o Desportivo das Aves). Esta é a sua 10.ª final pelo Benfica (seis conquistas, cinco deles na Taça da Liga).
O Benfica tem na Taça de Portugal a hipótese de vencer um troféu esta época, já que o campeonato neste momento é uma miragem: o Sporting lidera com mais 13 pontos que o Benfica, quando faltam 13 rondas para o final.
Momento-chave: Erro de Hugo Gomes e golo de Gonçalo Ramos
O Estoril sentiu muitas dificuldades para bater a forte pressão do Benfica. Era uma questão de tempo até surgir um erro fatal. Aconteceu aos 43 minutos: Pizzi pressionou Hugo Gomes, o central fez mal o passe que chegou a Chiquinho; o médio meteu em Gonçalo Ramos que atirou para o 1-0.
Os Melhores: Thiago Silva evitou goleada
Thiago Silva foi o Melhor em Campo. Evitou por diversas vezes o golo do Benfica, com defesas fantásticas. Além do seu posicionamento entre os postes, o guardião brasileiro dos canarinhos destacou-se na construção, a mostrar grande capacidade e precisão no passe longo e curto, a fazer lembrar Ederson, guarda-redes do Manchester City.
Gonçalo Ramos mostrou veia goleadora com um golo em duas oportunidades; Pizzi esteve bem no meio, a criar e a aparecer em zonas de finalização; Chiquinho começou nas alas mas foi no meio que brilhou, onde mostrou critério com bola.
Reações: Bruno Pinheiro e Jesus elogiam as suas equipas
Jesus explica mexidas e elogia Chiquinho: "Jogadores mostraram que eu posso confiar neles"
Lucas Veríssimo: "Podíamos ter feito mais golos. Que sirva de lição para os próximos jogos"
Bruno Pinheiro: "Tentámos sobreviver e lutar com as nossas armas"
André Franco: "Temos de estar contentes com o que fizemos, eliminámos várias equipas da 1ª Liga"
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