Cerca de três centenas de atletas russos e bielorrussos vão estar em Paris2024, com o tenista russo Daniil Medvedev a ser das poucas estrelas de ambos os países a aceitar competir sobre bandeira neutra nos Jogos Olímpicos.

A lista já era reduzida devido à guerra na Ucrânia, mas nas últimas semanas encolheu exponencialmente, depois de vários desportistas - a título individual ou no conjunto das suas modalidades - terem renunciado competir sob bandeira neutra, por sentirem que não faz sentido estarem nos Jogos sem representarem os seus países.

Em março, o Comité Olímpico Internacional (COI) disse que “o cenário mais provável” era a presença de 36 russos e 22 bielorrussos em Paris, bem longe dos 330 russos e 104 bielorrussos que estiveram em Tóquio2020.

Mas, na capital francesa, vão estar apenas 15 russos e 16 bielorrussos, com o ténis a receber a grande estrela, com Daniil Medvedev, quinto do ranking, a aceitar estar presente ao contrário do compatriota Andrey Rublev, o nono jogador mundial que até se manifestou várias vezes contra a guerra, ou as bielorrussas Aryna Sabalenka e Victoria Azarenka.

Em dezembro, o COI decidiu aceitar a participação de russos e bielorrussos, embora sujeita a um conjunto de restritas regras, nomeadamente a de nunca terem apoiado publicamente a invasão da Ucrânia, depois de meses de pressão de vários comités olímpicos e até da própria sociedade civil.

O Governo francês sempre se mostrou pouco recetivo à inclusão de russos e bielorrussos nos ‘seus’ Jogos, mas acabou por colocar na mão do COI a decisão de aceitar ou não os atletas dos dois países.

Contudo, o facto de irem competir de forma individual – a sigla AIN irá substituir a dos seus países – fez com que esse número diminuísse significativamente, com os dois países a terem apenas representantes no ciclismo, nos trampolins, no taekwondo, no halterofilismo, na luta, na canoagem, no remo, no ténis, na canoagem e na natação.

Mesmo com a decisão do COI, a World Athletics decidiu manter os russos fora das provas de atletismo, uma posição que afastou, entre outros, Mariya Lasitskene, campeã olímpica do salto em altura.

De fora dos Jogos vai ficar, por exemplo, o nadador Evgeny Rylov, campeão olímpico dos 100 e 200 metros costas em Tóquio2020 e sargento da polícia russa, que renunciou por não “descer ao nível das provocações ocidentais”, depois de já ter sido suspenso pela federação internacional por nove meses em 2022, por usar um ‘Z’, símbolo da ofensiva russa na Ucrânia.

O ginasta Nikita Nagornyy, campeão olímpico por equipas em Tóquio, vai também estar ausente, como toda a equipa de ginástica artística e rítmica.

Filha do presidente do Comité Olímpico da Rússia, a atiradora Sofia Pozdniakova, campeã olímpica de individual e por equipas, considerou inaceitáveis as condições do COI para poder participar, com a equipa de esgrima a ficar toda de fora, tal como o seu marido Konstantin Lokhanov, que se exilou nos Estados Unidos após a invasão da Ucrânia em 2022, algo que Pozdniakova recusou fazer, pedindo mesmo o divórcio.

Num mundo com dois grandes conflitos em curso, a delegação israelita manteve-se intacta, sem qualquer sanção, mesmo com os muitos pedidos para que o país fosse punido devido à ação militar na Palestina.

Os Jogos Olímpicos Paris2024 têm o seu início na sexta-feira e prolongam-se até 11 de agosto.