A Federação Internacional de Boxe (IBA) vai premiar financeiramente a pugilista Angela Carini, depois de a italiana ter sido eliminada pela argelina Imane Khelif na categoria de -66 kg do torneio olímpico feminino de Paris2024, anunciou o organismo.
“A Federação Internacional de Boxe vai entregar a Angela Carini, que abandonou o combate contra a argelina Imane Khelif nos Jogos Paris2024 após 46 segundos do primeiro ‘round’, um prémio financeiro equivalente ao que é entregue a um campeão olímpica”, informou o presidente da IBA, o russo Umar Kremlev.
A IBA oferece um prémio de 100 mil dólares (cerca de 91 mil euros) ao vencedor de uma medalha de ouro, a ser distribuído pelo pugilista (50 mil dólares), pela federação do respetivo país (25 mil) e pelo treinador do atleta (25 mil).
Carini abandonou o combate aos 46 segundos, após ser atingida no nariz, sendo eliminada nos quartos de final por Imane Khelif, uma das duas pugilistas no centro da controvérsia sobre o género no torneio olímpico de boxe.
“Não consegui ver as lágrimas dela. Não fico indiferente a estas situações e asseguro que iremos proteger e apoiar todos os pugilistas. Não consigo compreender por que estão a matar o boxe feminino. Apenas as atletas elegíveis deveriam competir no ringue, de forma a salvaguardar a segurança de todos”, reagiu Umar Kremlev.
Da mesma forma, Kremlev garantiu que o organismo vai apoiar a uzbeque Sitora Turdibekova, que na sexta-feira perdeu em -57 kg com a taiwanesa Lin Yu-ting, outra pugilista considerada inelegível pela IBA e que foi privada da medalha de bronze nos Mundiais de 2023 por "não cumprir os padrões de elegibilidade, com base nos resultados dos testes bioquímicos", segundo indicava o Comité Olímpico Internacional (COI).
A IBA rejeitou ter realizado testes com o objetivo de medir os níveis de testosterona das pugilistas, mas não revelou em que se baseou para excluir dos Mundiais Khelif e Yu-ting, a qual, no mesmo ano, foi autorizada a competir nos Jogos Asiáticos e conquistou a medalha de ouro na categoria de -57 kg.
"São mulheres, que praticam o seu desporto. Está estabelecido, neste caso, que são mulheres", reforçou na terça-feira o porta-voz do COI, Mark Adams, assinalando que Yu-ting já está a disputar pela segunda vez os Jogos Olímpicos, depois de ter sido eliminada na primeira ronda em Tóquio2020.
A questão de género está a provocar um braço de ferro entre o COI e a IBA, que pode comprometer mesmo a manutenção dos torneios olímpicos de boxe nos moldes atuais, mas Yu-ting e Khelif parecem contar com o respaldo do organismo liderado pelo alemão Thomas Bach.
A argelina foi particularmente visada na sequência da desistência de Carini, após menos de um minuto de combate, com a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, a argumentar que as atletas "não estavam em pé de igualdade" e Donald Trump, candidato republicano às presidenciais dos Estados Unidos, a escrever na rede social X que manterá "os homens fora dos desportos femininos".
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