Fernando Feijão, antigo presidente da Federação de Triatlo de Portugal (FTP), faz várias acusações à atual direção do organismo e considera que há membros que têm de apresentar a sua demissão.
A FTP vive uma situação de impasse, depois de o Conselho Fiscal (CF) ter chumbado por duas vezes o Plano de Atividades e Orçamento (PAO) apresentado para 2019, e, além de apontar falhas na gestão financeira dos recursos ao dispor da FTP, o antigo dirigente denuncia ainda que alguns elementos da atual direção exercem cargos remunerados em organizações de provas ao mesmo tempo que desempenham funções na federação de triatlo.
“Se a lei for cumprida, três elementos desta direção vão ter de sair, pois estão em incompatibilidade por prestarem funções remuneradas em organizações privadas. Já assumiram isso mesmo em AG e a FTP não pode continuar a suportar a remuneração dos órgãos sociais como está a ser feita”, frisou em entrevista à agência Lusa.
Uma acusação rebatida por Vasco Rodrigues, atual presidente da FTP, eleito há dois anos, que lembra que o único parecer disponível até ao momento sobre esse assunto dá luz verde para que os referidos vice-presidentes se mantenham em funções.
“Quando surgiu a possibilidade de dois vice-presidentes trabalharem na organização do Iron Man Portugal, colocámos em equação se isso seria compatível ou não com as suas funções. O único parecer que temos até ao momento, e que vem do Comité Olímpico de Portugal, legitima e confirma que não há qualquer incompatibilidade no desempenho de duas funções por esses elementos”, lembra o presidente da FTP, que ainda assim aguarda pelo desfecho do parecer pedido ao IPDJ que, sublinha, “será soberano” sobre esta matéria.
Outra acusação feita por Fernando Feijão à gestão de Vasco Rodrigues diz respeito ao vencimento que o dirigente aufere como presidente da FTP, algo que aliás o Conselho Fiscal também refere no chumbo da PAO, descrevendo-o como “um encargo bastante elevado” e que contribui “para o défice existente”. Algo que Vasco Rodrigues rebate.
“No modelo que defendi durante a campanha, sempre disse que se trata de um cargo que tem de ser remunerado, pois neste momento é a minha profissão a tempo inteiro. Na prática estou a ganhar menos do que tinha dito durante a campanha, mas entendo que seja mais fácil e apetitoso dizer que as despesas com a organização e gestão têm aumentado significativamente, o que se olharmos aos números entre 2016 e 2018 não é inteiramente verdade por via do aumento da comparticipação do IPDJ”, alega o dirigente, que lembra que na AG que já por duas vezes chumbou o plano apresentado estão membros ligados a toda a anterior direção.
Admitindo estar insatisfeito com os resultados obtidos nos dois anos que leva de mandato, Vasco Rodrigues confia ainda assim que tem condições para completar os quatro anos a que se propôs à frente da FTP.
“Não estou satisfeito, mas estou motivado para fazer um trabalho de mais dois anos e apresentar mais soluções para o triatlo, que em dois anos cresceu 25% em número de atletas. Mas temos de ser claro: as pessoas têm de decidir se querem que esta direção fique e cumpra o seu mandato até 2020. Assumi um compromisso quando fui eleito e quero levá-lo até ao fim, mas também não quero ser estorvo para a modalidade. Por isso, os delegados que se manifestem e digam se há uma melhor solução para o futuro”, conclui.
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