Richard McLaren, o autor do relatório que expôs a dopagem institucionalizada na Rússia, previu hoje que o país pode enfrentar sanções ainda mais duras se continuar a negar as evidências.
“Às vezes, interrogo-me se eles leram verdadeiramente o relatório”, ironizou o advogado canadiano, quando questionado por jornalistas durante a sua intervenção na conferência internacional sobre a integridade no desporto “Play the game”, em Eindhoven, na Holanda.
As declarações de McLaren surgem na sequência das afirmações dos investigadores russos, que hoje defenderam que o antigo chefe do laboratório antidopagem de Moscovo, Grigori Rodtchenkov, responsável pelas primeiras revelações sobre o caso e atualmente refugiado nos Estados Unidos, distribuiu por conta própria produtos dopantes e manipulou os testes.
As conclusões dos investigadores russos refutam, novamente, qualquer participação do Estado num sistema de dopagem organizado.
“Na posição em que ele está hoje, penso que seria extremamente perigoso mentir”, argumentou o canadiano, recordando que, ao fazê-lo, Rodtchenkov arriscaria ser expulso dos Estados Unidos e ter de regressar ao seu país, onde é ‘persona non grata’.
Moscovo sempre rejeitou a dimensão institucional do sistema de dopagem ‘destapado’ pelo relatório McLaren, que, no final de 2015, revelou a existência de uma rede que envolvia várias instituições governamentais, com a participação dos serviços secretos daquele país.
Este relatório implicou cerca de 1.000 atletas em práticas dopantes nos Jogos Olímpicos de Londres2012 e nos Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi2014. Na sequência deste caso, os atletas russos foram excluídos de várias competições internacionais, entre as quais os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio2016.
O jurista canadiano respondeu também aos violentos ataques da Rússia ao seu relatório, considerando que quanto mais Moscovo negar as evidências, mais se vai expor a uma série de sanções mais duras.
“[As conclusões do inquérito] Não têm nenhuma credibilidade. Obviamente, isto é um jogo político, mas eu não vou jogar esse jogo”, concluiu McLaren.
A comissão executiva do Comité Olímpico Internacional vai decidir a 05 de dezembro se os atletas russos vão poder participar nos Jogos Olímpicos de Inverno de Pyeongchang, que vão acontecer em fevereiro.
Nas últimas semanas, a entidade olímpica retirou, na sequência de casos dopantes, 11 das 33 medalhas conquistadas por atletas russos em Sochi2014.
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