A antiga futebolista internacional portuguesa Carla Couto vive por estes dias a fase final que nunca teve pela seleção, mas noutra modalidade, ao ajudar a colocar Portugal no mapa do teqball nos Jogos Europeus Cracóvia2023.
Foi 145 vezes internacional ‘AA’, um recorde só recentemente superado por Ana Borges, e considerada a Jogadora do Século pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF), mas não chegou a uma fase final, como está prestes a viver a equipa ‘das quinas’ na Nova Zelândia e Austrália, no Mundial2023.
Em vez disso, jogou a fase de grupos de singulares femininos do torneio de teqball dos Jogos Europeus Cracóvia2023 e ainda jogará pares femininos, no sábado, em busca de uma medalha internacional numa modalidade em que entrou “até por brincadeira”.
Ia para experimentar padbol no APSNT Sintra, clube que agora representa, e dali a começar a competir foi um ‘tirinho’, até porque competiu 18 anos a nível internacional pela seleção nacional de futebol.
Foi a Madrid e a Montenegro, para se qualificar para os Jogos Europeus, “uma aventura” que não esperava e que lhe surgiu, estando aos 49 anos a viver na Polónia uma experiência que “enche de orgulho”, por vestir de novo uma camisola da seleção portuguesa.
“Não vou dizer que não me sinto orgulhosa, porque grande parte da minha vida foi ao serviço da seleção. Estar na seleção de teqball enche-me de orgulho, mais uma vez”, diz, em entrevista à Lusa.
O teqball, uma modalidade com uma mesa curva e que se joga com os pés, “tem tido uma grande dinamização” nos últimos tempos em Portugal, afirma, “mas é preciso fazer muito mais”, de promoção à captação de jovens e crianças e à disponibilização de mais infraestrutura.
A transição, diz, “foi simples, porque o toque de bola já se tem”, adaptando-se depois às regras e à mesa, e espera agora que o desporto “apareça para se promover”.
“Se o Cristiano Ronaldo jogar, toda a gente quer ir ver o que é”, atira.
Esta participação em Cracóvia2023, de resto, “é uma rampa de lançamento para que jovens comecem a enveredar pelo teqball”, no qual países como a Sérvia ou a Hungria são potências e têm atletas que vivem apenas da modalidade.
Ainda assim, o futebol nunca está longe de Carla Couto, com “18 anos ali dedicados” à seleção, e por isso enviou uma “palavra de apreço e de sorte” às pioneiras que vão participar pela primeira vez num Campeonato do Mundo.
“Infelizmente, nunca passei por uma situação destas, é a primeira vez. Nunca cheguei a uma fase final, nem do Europeu nem do Campeonato do Mundo. Enche-me de orgulho que estejam no Mundial, a disputá-lo com as melhores seleções”, afirma.
E por falar nisso, se em 1993 esteve “a tremer das pernas” na primeira internacionalização, o mesmo acontece por estes dias na praça principal de Cracóvia, por estar “num registo completamente diferente” do que conhece, de uma Aldeia de atletas à competição por medalhas para o país.
“Viver isso aos 49 anos, depois de tantos anos a batalhar por uma fase final, dá-me um gozo enorme. É uma experiência nova, um sentimento que nunca vivi”, reforça.
Portugal soma 13 pódios em Cracóvia2023, com os três ouros, as sete pratas e os três bronzes já conquistados.
A terceira edição dos Jogos Europeus decorre até domingo em Cracóvia e na região polaca de Malopolska, com 30 modalidades no programa e 48 países participantes, incluindo Portugal, com uma delegação com mais de duas centenas de atletas.
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