O presidente do Automóvel Clube de Portugal, entidade organizadora do Rali de Portugal, acusou hoje de “incompetência” os responsáveis governamentais ligados ao setor do turismo por, “sem fundamento” e numa “guerra contra o Norte”, retirarem o apoio à prova.

“Considero que é uma decisão de incompetência dos membros do governo que tutelam a economia”, afirmou à Lusa Carlos Barbosa, no dia em o próprio Automóvel Clube de Portugal (ACP) divulgou dados segundo os quais a prova proporcionou, nas suas sete edições, uma receita fiscal de cerca de 74,1 milhões de euros, gerados pelos cerca de 350 a 400 mil visitantes/adeptos anuais.

Para o presidente do ACP, “o ministro Pires de Lima, o secretário de Estado Adolfo Mesquita Nunes e o presidente do Turismo de Portugal não percebem rigorosamente nada de turismo e portanto é natural que tomem estas decisões assim, sem fundamento”.

Acusou ainda os responsáveis “do CDS” de estarem a fazer uma “jogada” ao apostarem no apoio, em cerca de 900 mil euros, à companhia aérea EasyJet para criação de uma base no Porto, frisando que a prova Rali de Portugal gera “muito mais dinheiro em três dias do que os 100 mil passageiros que eles dizem que vão trazer”.

“Ou eles não aprenderam matemática quando eram novos, ou então tiveram um curso comprado”, atirou.

Os dados hoje divulgados pelo ACP indicam também que “por cada euro de investimento público [no rali] foram gerados na economia nacional 54,42 euros de despesa direta pelos adeptos”, valor calculado considerando o apoio acumulado do Turismo de Portugal na ordem dos 6,4 milhões de euros e os 348,2 milhões de euros “de impacto direto” gerados pelos turistas e adeptos.

Por outro lado, o ACP estima que a base da Easyjet do Porto terá um retorno de 195,4 milhões, o que significa que cada euro de apoio público irá gerar 31,01 euros, ou seja “menos 43% que a opção já testada ao longo dos últimos sete anos no apoio” ao Rali de Portugal.

Para Carlos Barbosa “é lamentável que o Governo não tenha feito bem as contas” e que as decisões tomadas sejam “avulso”, “completamente incompetentes” e “partidárias”.

Descartando a hipótese de “coincidência”, o responsável considera estar perante “uma guerra contra o Norte” uma vez que o apoio foi retirado no ano em que a prova de rali se iria realizar nessa região.

“Estes ministros não querem que haja turismo no Norte e só querem que haja turismo nas praias onde há surf e nos campos de golfe no Algarve”, assinalou o presidente, para quem os governantes em causa “não são competentes sequer para estudarem este assunto”.

Assinalou ainda estar “convencido de que o povo nortenho saberá, com certeza, nas próximas eleições, responder a este insulto que (…) fazem ao povo do Norte” e lamentou que “ainda haja membros do Governo que não saibam dirigir as pastas que têm”.

Na passada semana, o Ministério da Economia anunciou que o Turismo de Portugal não vai apoiar financeiramente a edição de 2015 do Rali de Portugal nem a prova de WTCC, a realizar-se no Porto, e justificou que tal decisão se deve a uma nova estratégia de promoção do país, focada na “captação de rotas aéreas e de parcerias com operadores turísticos e na adaptação da promoção externa ao 'marketing' digital”.