
Portugal perdeu (31-42) com a Espanha a meia-final do Rugby Europe Championship (REC2025) e falha a ida à final do campeonato da Europa, depois de ter chegado ao jogo da disputa do título europeu em 2023 e 2024.
No final da partida, em pleno relvado, Tomás Appleton, capitão da seleção nacional, foi claro na leitura dos 80 minutos. “Temos de ser uma equipa mais adulta”, apontou.
“Entrámos com arrogância a mais depois dos jogos que fizemos (no REC) e viemos de dois anos seguintes nas finais”, apontou. Os triunfos no passado recente transportaram para o duelo ibérico “uma bagagem de confiança demasiado grande”, assumiu Appleton.
“Foi uma descida à terra”, reconheceu o capitão dos lobos, uma semana depois da boa exibição na Roménia, 3.ª jornada da fase de grupos, partida onde pautou a “disciplina” e a “ocupação das áreas de campo”, mas que “hoje passámos ao lado”, frisou. “Não conseguimos fazer o suficiente (para ganhar) e nem sei se tivemos alguma vez perto disso”, reconheceu Tomás Appleton.
“O único aspeto positivo que consigo tirar é que não estamos acima de nenhuma destas equipas”, disse, ao referir-se aos semifinalistas do Europe Championship 2025, Geórgia, Roménia e Espanha. “Sabemos onde queremos estar e claramente temos de trabalhar mais”, concluiu.
"Temos de aprender a lição e continuar"
Sintonizado com o líder do relvado, Simon Mannix, selecionador nacional, era o espelho da desilusão e da frustração. “Fomos pobres e temos de ser melhores”, começou por desabafar o desagrado sentido com a exibição do XV português. Um grito de alerta depois de muito ter gritado com os jogadores a partir do topo da bancada central, aos pés da tribuna, área ocupada pelas equipas técnicas e portuguesas.
“É um teste da realidade”, observou o treinador de nacionalidade neozelandesa. “Fizemos um progresso no REC, um bom jogo na Roménia e hoje foi desapontante”, continuou. “Temos de aprender a lição e continuar. Somos uma equipa jovem e temos de continuar a trabalhar e ser melhores”, acrescentou.
Da derrota no duelo ibérico reconhece que o grupo levará “muita aprendizagem”, numa partida em que destacou, pela negativa, as “penalidades (7 convertidas pelos espanhóis)” e os “cartões amarelos”. Embora tenha deixado alguns recados à dualidade de critérios da equipa de arbitragem, diz que a exibição esvazia esse dado. “Mas quando se perde a batalha física, não merecemos nada do arbitro”, sublinhou.
“Há uma longa caminhada até ao Mundial”
Diogo Rodrigues completou a segunda internacionalização e somou os primeiros dois ensaios da carreira ao serviço da seleção nacional XV. Um feito histórico pessoal apagado pela derrota. “É sempre bom marcar os primeiros ensaios, mas quando se perde por mais de 40 pontos, nunca é bom”, contrapôs.
“É um abre olhos e temos que continuar humildes e seguir para o jogo do terceiro e quarto lugar”, apontou o ponta de 23 anos que veste a camisola do Belenenses.
“Há uma longa caminhada até ao Mundial”, atestou o jogador que tem em mente a participação no campeonato do mundo da Austrália, em 2027. “Estamos todos aqui pelo mesmo. É o expoente máximo de um jogador de râguebi, estou a fazer e vou fazer por isso nos próximos dois anos”, exclamou.
Diogo Rodrigues, um dos novos rostos da seleção, transitou do sevens, mas não descarta voltar a entrar pela porta que lhe deu acesso ao XV. “Gosto muito de jogar sevens”, confessou. E apesar de ter a cabeça, tronco e membros no clube e em Portugal, não descarta jogar fora de portas. “Vamos ver o que acontece”, atirou.
Por fim, para contrariar, Joaquín Dominguez, pilar da seleção espanhola e colega de equipa de Diogo Rodrigues, no Belenenses, era o rosto da felicidade espanhola.
Sem ter passado para dentro dos leones qualquer informação prévia sobre Portugal e os lobos que atuam no campeonato português, Joaquim focou o discurso no apuramento de Espanha para o Mundial, depois de terem sido afastados por questões de utilização irregular de jogadores em duas qualificações seguidas.
“Foi muito importante o apuramento”, confessou a caminho dos balneários, esperançoso que tal possa fazer “crescer” a modalidade em Espanha. “Começámos este processo contra a Suíça e Países Baixos e o objetivo é chegar ao Mundial o mais preparado possível”, finalizou o jogador que não deixou de sorrir quando foi relembrado ter sido o único espanhol a receber aplausos aquando da sua substituição (61’).
Comentários