A seleção feminina de futebol de Espanha, envolta em polémica desde a conquista do título mundial, iniciou hoje a preparação dos jogos da Liga das Nações, com seis das 23 convocadas a juntarem-se em Madrid.
Da capital, as jogadoras, que alinham no Real Madrid e Atlético de Madrid, e o corpo técnico vão rumar a Valência, onde decorrerá o estágio de preparação para os embates com Suécia e Suíça.
Na segunda-feira, pouco depois de Montse Tomé, a nova selecionadora, ter incluído 15 campeãs do Mundo - após 21 das 23 terem renunciado - na lista de convocadas, as futebolistas reagiram, em comunicado.
No documento, as futebolistas internacionais reafirmaram a sua "vontade de não ser convocadas por motivos justificados" para a seleção, declinando assim a chamada de Montse Tomé, que deixou fora das eleitas Jenni Hermoso.
A selecionadora justificou a ausência da jogadora que esteve no centro da polémica iniciada com o beijo do então presidente federativo, Luis Rubiales, com a necessidade de “proteger do ruído mediático” a capitã da equipa que conquistou o Mundial.
Hermoso, que já se juntou à sua equipa no México, respondeu entretanto à selecionadora, questionando: “Querem proteger-me de quê, ou de quem?”.
No plano político, o ministro da Cultura e do Desporto, Miguel Iceta, garantiu que o governo “não vai ser um espetador passivo” no conflito que opõe as jogadoras à Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), e assegurou que o presidente do Conselho Superior do Desporto (CSD) vai envolver-se pessoalmente no diferendo.
“A RFEF está a fazer muitas coisas mal, creio que isso é claro, creio que a convocatória é anómala e que é preciso corrigir os erros, se quisermos, de verdade, recuperar a senda de êxitos que teve o seu maior momento em Sydney”, afirmou o ministro.
De acordo com o jornal Marca, o presidente do CSD, Victor Francos, vai reunir-se hoje com representantes das jogadoras.
A seleção espanhola vai concentrar-se Oliva, Valência, para preparar a campanha da Liga das Nações, que apura para os Jogos Olímpicos Paris2024, frente à Suécia, em Gotemburgo, na quarta-feira, recebendo depois, em 26 de setembro, a Suíça, em Córdoba.
Desde a conquista do título mundial, em 20 de agosto passado, que a seleção espanhola vive momentos conturbados, criados pelo beijo na boca que o então presidente da RFEF, Luis Rubiales, deu à jogadora Jenni Hermoso, durante as celebrações da vitória no estádio de Sydney.
Jeni Hermoso disse que o beijo não foi consentido, ao contrário do que afirma Rubiales que, entretanto, está a ser alvo de processos disciplinares pelo Tribunal Administrativo do Desporto de Espanha e por parte da FIFA.
A jogadora apresentou, por seu turno, uma queixa na justiça por agressão sexual de Rubiales, que inicialmente recusou demitir-se, mas que acabou por se demitir do cargo.
Logo nos dias posteriores à final do Mundial, mais de 80 futebolistas espanholas divulgaram um comunicado de solidariedade com Jenni Hermoso e anunciaram que recusavam jogar na seleção nacional de Espanha se não houvesse mudanças na federação.
Além da saída de Rubiales, a federação demitiu o treinador da seleção feminina, Jorge Vilda, e substituiu-o por Montsé Tomé, que era a 'número dois' do selecionador.
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