Gabriel Mendes enalteceu hoje o “momento histórico” para o ciclismo de pista português, que pela primeira vez estará representado no masculino em Jogos Olímpicos, considerando que repetir o diploma de Tóquio2020 na capital francesa seria “muito bom”.
Depois de Maria Martins ter feito história para Portugal em Tóquio2020, estreando o ciclismo de pista luso em Jogos Olímpicos, o Comité Olímpico de Portugal (COP) confirmou hoje que, pela primeira vez, a Missão portuguesa estará representada nas provas masculinas da vertente, com dois homens no madison – um deles alinhará também no omnium -, a que se junta uma mulher em omnium.
“É um marco histórico e é mais um momento deste processo evolutivo do ciclismo de pista português. Já poderia ter acontecido no passado, na minha opinião não aconteceu por fatores que todos nós conhecemos, várias situações, que, no fundo, acabaram por ter um impacto no processo de qualificação e que não nos permitiu estar pela primeira vez - e também fazer aí história - em Tóquio”, recordou o selecionador português de pista.
Em declarações à agência Lusa, Gabriel Mendes salientou o processo de qualificação “de muito boa qualidade, com muita regularidade” feito pelos ciclistas portugueses no madison e no omnium, prova em que Portugal também teria entrada direta e em que tem o vigente campeão mundial, o vianense Iúri Leitão.
“Trabalhámos arduamente sempre nos dois eventos, para conseguirmos as melhores performances para Portugal e não deixarmos fugir algo que […] era perfeitamente impossível não alcançarmos, mantivéssemos nós a regularidade e a qualidade de trabalho ao longo deste processo de qualificação. Foi aquilo que veio a acontecer. De facto, acho que é um momento muito importante do ciclismo de pista, é um momento histórico, e é um momento que deve orgulhar todos aqueles que estiveram envolvidos neste processo, e que foi uma etapa que concluímos com sucesso”, avaliou.
Também no omnium feminino o apuramento foi “bastante exigente”, com o selecionador a notar que Portugal não tem uma seleção tão alargada, em termos “de possibilidades e de opções”, e que foi Maria Martins a fazer “praticamente todas as provas da qualificação”, à exceção da última etapa da Taça do Mundo, em Milton, no Canadá, onde alinhou Daniela Campos.
“É, por si, um processo extremamente árduo e exigente, ainda mais concentrado numa única atleta. E ela [Maria Martins] fê-lo com bastante o sucesso, e é a confirmação e a consolidação também da nossa parte no feminino, e estamos bastante orgulhosos e satisfeitos com isso, como é óbvio”, pontuou.
Gabriel Mendes preferiu não fazer prognósticos quanto a resultados nos Jogos, que decorrem entre 26 de julho e 11 de agosto, ressalvando que na capital francesa vão estar “os melhores do mundo”.
“É o evento, provavelmente, mais competitivo e onde todos vão querer estar na sua máxima capacidade de desempenho. E aquilo que é o nosso compromisso é trabalharmos para podermos estar lá também naquilo que é o nosso melhor. E vão ser, certamente, uns Jogos onde, de facto, a qualidade e a competitividade vão ser ao mais alto nível. E nós vamos trabalhar para podermos estar à altura dessas exigências. Agora, é muito complicado e muito difícil prever o que é que poderá vir a acontecer”, antecipou.
O técnico recordou, contudo, que em Tóquio2020, na estreia na pista, a Missão portuguesa alcançou um diploma, o que foi “um excelente resultado”.
“Se conseguimos repetir esse contexto, acho que é muito bom para nós. Mas vamos estar ali perante nações que estão à procura do mesmo, a competitividade é extremamente elevada, e antecipar um cenário de resultado final parece-me também, para mim, prematuro e [com] um certo grau de incerteza”, reiterou.
Recordando que um diploma significa “estar nos oito primeiros” e que, dentro deste top 8, as classificações vão “do primeiro até ao oitavo lugar”, Mendes reforçou que seria “muito bom” consegui-lo em qualquer um dos três eventos em que Portugal vai alinhar.
“Uma classificação de diploma é um desempenho muito bom a nível dos Jogos. […] Não é a mesma coisa fazer o oitavo lugar numa Taça do Mundo, ou até mesmo num Campeonato da Europa, num Campeonato do Mundo, e fazê-lo nos Jogos. São contextos diferentes e são classificações difíceis de obter, que requerem que naquele dia estejamos num muito bom nível, o nosso melhor, para conseguir estar a lutar por esse tipo de objetivo”, vincou.
O facto de Portugal ter um campeão mundial na sua seleção de pista – os convocados serão conhecidos mais perto dos Jogos – não acarreta mais pressão, na opinião de Mendes.
“Ser campeão do mundo não significa que cheguemos aos Jogos e vamos ser campeões olímpicos. Ok? Portanto, e não devemos também daí projetar resultados. São eventos completamente diferentes. São contextos diferentes. E, portanto, fazer essa extrapolação parece-me, digamos, não ser adequado”, defendeu.
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