O piloto argentino Kevin Benavides, amigo de Paulo Gonçalves, revelou que parou no local do acidente, mas que apenas percebeu de quem se tratava mais tarde e não conseguiu parar de chorar.
“Não tenho palavras para explicar a tristeza que sinto. Hoje, quando cheguei ao local do acidente, detive-me e parei ao lado do Toby [Price], já lá estavam os médicos e não me aproximei. Não percebi que eras tu o piloto que estava no chão, a uns dez metros de mim, pensei que era o teu companheiro de equipa, porque, ao sair de trás, perdi a ordem”, escreveu Benavides.
O piloto argentino, que viria a ganhar a etapa de hoje no Dakar, depois de lhe ter sido retirado o tempo em que esteve junto a Paulo Gonçalves, deixa um discurso emocionado na rede Instagram, ao contar a cronologia dos acontecimentos, com uma fotografia antiga, em que está abraçado ao português.
“Disseram-me para continuar. Cheguei ao abastecimento e outros pilotos revelaram que eras tu que estavas caído. Fiquei sem chão e ainda faltavam 70 quilómetros. Chorei cada quilómetro até ao final”, disse o argentino.
Benavides, que ganhou nas motos, acrescenta, na nota que partilhou, dedicar a vitória ao piloto português, a quem chama ídolo.
“Ganhei a etapa e dedico-ta, com muita dor. Ensinaste-me a seguir em frente, a sorrir à vida, tens a minha admiração como piloto e agradeço à vida ter-te posto no meu caminho, e poder partilhar momentos incríveis e inesquecíveis contigo”, acrescentou.
A finalizar, Benavides diz que Paulo Gonçalves, provavelmente, não quis que ele o visse ali – quando não se deu conta de quem era -, e que o lembrará sempre.
“Tenho um anjo que me guiará desde lá de cima. Quero-te para sempre”, concluiu o piloto.
Paulo Gonçalves morreu hoje na sequência de uma queda durante a sétima de 12 etapas da 42.ª edição do Rali Dakar de todo-o-terreno, na Arábia Saudita.
De acordo com a informação da Amaury Sport Organization (ASO), o alerta foi dado às 10:08 horas locais, menos três em Lisboa.
Foi enviado de imediato um helicóptero que chegou junto do piloto às 10:16, tendo encontrado Paulo Gonçalves inconsciente e em paragem cardiorrespiratória.
"Depois de várias tentativas de reanimação no local, o piloto foi helitransportado para o hospital de Layla, onde foi confirmada a morte", referiu a organização.
Paulo Gonçalves participava no Dakar pela 13.ª vez desde 2006, ano de estreia na prova.
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