Antiga jogadora da seleção nacional, Maria João Xavier está ligada ao Mundialito de futebol feminino desde o seu início em 1994, nos primeiros dez anos como atleta e outros tantos nos bastidores.
Na XX edição, Maria João Xavier é o elo de ligação entre a seleção do Japão e a organização.
São muitas as histórias que guarda na memória, mas aquela que mais lhe toca passou-se na primeira Algarve Cup, aquando da vitória de Portugal frente à Finlândia (2-0) e os seus primeiros dois golos marcados ao serviço da equipa das quinas: em 1996 no jogo que Portugal ganhou à Finlândia por 3-0, e em 2001, o golo solitário da derrota com a Suécia (4-1).
«Não consigo esquecer logo no primeiro Mundialito a primeira vitória que Portugal conseguiu depois de 10 anos de interregno na seleção, foi um momento marcante. Guardo também recordações pessoais, porque foi aqui que marquei os meus primeiros golos ao serviço da seleção», disse, em entrevista à agência Lusa, a antiga média defensiva.
Maria João Xavier considera que o torneio passou de «uma ilusão e esperança» em 1994 para «uma realidade conquistada» em 2013, reconhecendo, ao mesmo tempo, que é um momento «excelente» para a promoção do futebol feminino em Portugal.
«Em 1994 era uma ilusão. Portugal tinha retomado a atividade da sua seleção feminina, após dez anos de interregno, e foi o primeiro torneio em que ia participar e defrontar equipas que, a não ser no apuramento para um campeonato da Europa ou do Mundo, não poderia defrontar. A expectativa era muito grande e o desafio enorme», recorda.
Nestes 20 anos de torneio, Maria João Xavier, que conta no seu currículo enquanto jogadora com 76 internacionalizações, revela ter vivido «uma aprendizagem constante» que contribuiu para o seu crescimento enquanto atleta e também como pessoa.
Na XX edição da Algarve Cup, que hoje termina, Maria João Xavier desempenha funções de TLO (Team Liaison Officer) na seleção japonesa, fazendo a ligação entre a equipa e a organização, um cargo em que aprendeu factos da cultura ancestral do Japão, e sobre o desenvolvimento e implementação do futebol feminino no país do sol nascente.
«O Japão é somente o campeão do mundo e medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Londres2012. A diferença [para o futebol português] é enorme, como é natural, mas eles também começaram por um ponto de partida, foram crescendo e foram desenvolvendo as suas capacidade e potencialidades», lembra Maria João Xavier, admitindo que Portugal pode aprender com a história das nipónicas.
É nas seleções femininas estrangeiras que, de acordo com Maria João Xavier, Portugal tem de ter as suas referências, por considerar que seguir os modelos masculinos «não é de todo um bom exemplo».
«Qualquer semelhança é pura coincidência. Esse não será o caminho para crescer, temos de aprender com as seleções femininas estrangeiras e tentar implementar em Portugal as melhores práticas», defendeu a antiga jogadora.
Vinte anos podem fazer muita diferença, mas a paixão, entrega das jogadoras e o prazer de jogar é a mesma garante Maria João Xavier, que quando começou a praticar não havia internet nem se conheciam ídolos, explicando que só conheceu a norte-americana Michelle Akers, considerada como uma das melhores jogadores de futebol feminino, no Mundialito.
Maria João Xavier deseja que a seleção nacional tenha «uma evolução em crescendo» sem altos e baixos, para que se desenvolva e possa aproximar dos desejos de todos aqueles que querem o sucesso da equipa das “quinas”: o apuramento, a breve prazo, da seleção A para uma competição internacional.
«Hoje em dia é uma realidade completamente diferente daquela quando comecei, felizmente para muito melhor. Agora há que trabalhar no aumento do número de praticantes que neste momento ainda é reduzido», observou.
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