O surf feminino português tem estado em destaque na temporada 2025 do Challenger Series (CS), circuito de qualificação para Championship Tour (CT2026).

Yolanda Hopkins ocupa a 2.ª posição do ranking do CS, Francisca Veselko é número 4 e Teresa Bonvalot fecha a penúltima linha (6.ª) de um ranking que garante sete vagas para o CT, circuito de elite da Liga Mundial de Surf (WSL), em 2026.

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O EDP Ericeira Pro, 4.ª etapa do CS, a decorrer em Ribeira de Ilhas, período de espera de 29 de setembro a 5 de outubro, pode abrir a porta do sonho das surfistas portuguesas, uma presença que, a acontecer, será inédita no lado feminino.

No imediato, a passadeira está mais acessível a Yolanda Hopkins, embora as restantes surfistas dependam de si próprias para carimbarem o histórico acesso ao CT.

Nas vésperas do arranque do evento de Ribeira de Ilhas, quarta de sete etapas que compõem a temporada 2025-2026 do CS, Frederico Teixeira, Chief Operating Officer da WSL para a Europa, África e Médio Oriente, destacou as reais hipóteses do surf feminino português conseguir marcar presença no Circuito Mundial e escrever uma página dourada na história do surf nacional.

“Ao dia de hoje, temos três atletas com hipótese de chegar ao circuito principal”, realçou, uma qualificação onde cabem as primeiras sete da hierarquia.

“Neste momento, está mais perto do que nunca ter pelo menos uma ou duas atletas” no Championship Tour (CT) atestou, circuito no qual, até à data, só falou português (de Portugal) pela voz de Tiago Pires e Frederico Morais.

Com naturalidade, vira as atenções para o surf feminino. “Sem dúvida, foi aquele que cresceu mais em termos de visibilidade e assumiu uma importância, pelo menos dentro da nossa organização (WSL), enorme”, destacou.

Prova disso é o esbatimento de diferenças entre a competição masculina e feminina. “Equal Prize Money (prémios iguais) e competem no mesmo palco (etapas) dos homens”, identificou Frederico Teixeira na conferência de imprensa de apresentação da etapa portuguesa, que decorreu no La Barraque, Hotel You & The Sea, Ericeira.

“É o sítio onde pertenço e ser a primeira no CT seria especial”

“Estamos em força e começámos bem o ano”, comentou Yolanda Hopkins durante o evento de apresentação que juntou ainda os atuais líderes do ranking feminino (Tya Zebrowski) e masculino (Jacob Willcox), Frederico Morais, ex-CT, n.º 53 do CS e Guilherme Ribeiro (líder do Qualifying Series europeu) e wildcard na prova e Gonçalo Saldanha, presidente da Federação Portuguesa de Surf.

“O surf está lá e é só agarrar a consistência”, fixou a surfista de 27 anos. “Este é o meu ano. Sinto por mim e pela aura à minha volta”, sublinhou a número 2 do Challenger Series (CS), a um passo de se tornar a primeira portuguesa a qualificar-se para o Championship Tour (CT2026), circuito de elite da Liga Mundial de Surf (WSL). “É o sítio onde pertenço e ser a primeira no CT seria especial”, acrescentou.

Longe dos lugares do topo e de acesso ao CT (reservado ao top-5), Frederico Morais olha para o evento em Ribeira de Ilhas como mais um etapa na recuperação da grave lesão no tornozelo sofrida em dezembro de 2024.

“Ainda não estou a 100 por cento”, mas está “o suficiente para competir”, revelou. “A seguir ao Brasil (Saquarema, 11 a 19 de outubro) tenho a cirurgia para tirar, de vez, os parafusos”, anunciou o surfista que tem na família uma “inspiração e o porto de abrigo”, confessou.

A competir num degrau abaixo, Guilherme Ribeiro entra na etapa do Challenger Series como convidado pelo patrocinador da paragem portuguesa do circuito de qualificação.

“É mais uma oportunidade para mostrar o meu surf. Vou dar o meu melhor na Ericeira e venho para causar estragos e apoiar os portugueses neste circuito”, contou.   

Jacob Willcox, um veterano (28 anos) do CT, atual líder do ranking, espera dar um importante passo na requalificação para a elite mundial.

“Venho com fome para competir e para surfar”, confessou o australiano a recuperar de uma lesão e “pouco surf nas últimas oito semanas”, confidenciou.

Portugal, onde pisou pela primeira vez em 2013, Peniche, etapa do CT, e a Ericeira e  a Praia de Ribeira de Ilhas, em especial, é um local de boas memórias para Willcox. Em 2023 (foi 5.º) selou na Reserva Mundial de Surf o acesso ao World Tour. “É um lugar especial para competir e é uma onda que se adapta ao meu surf e espero que este ano corra bem”, frisou.

Tya Zebrowski, líder da hierarquia feminina e segunda classificada  no ano passado quer melhorar o resultado do ano passado e decidir as contas da qualificação.

“Esta etapa é muito importante para mim, porque é na Europa, sinto-me em casa. Ficaria muito feliz de chegar à final”, garantiu a francesa de 14 anos que conquistou o título europeu no ano passado na Costa de Caparica e já tinha sido campeã europeia sub-16, em Santa Cruz.

Não olha para o cartão de cidadão e espera fazer história no surf mundial. Não penso muito na idade, só estar mais perto do CT é ótimo, e estar em 1º lugar no ranking ajuda muito. Mas claro que aos 14 anos estar é aqui é ótimo, e poder ser a mais nova de sempre a qualificar-me é também um objetivo meu”, confessou a surfista que divide o seu tempo entre Hossegor, em França e o Haiti, a Polinésia Francesa.

Por fim, Gonçalo Saldanha, presidente da Federação Portuguesa de Surf (FPS) destacou a “boa saúde” do surf nacional e destacou a relação com a WSL. “Há um novo ciclo, nova visão e a FPS quer ser parceira de todos. Portugal tem condições de excelência não só em termos geográficos, mas também em termos de qualidade na produção desses eventos. A FPS quer estar serviço do surf, dos clubes e claro, dos grandes eventos”, referiu o responsável federativo.